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Epidemiologia - Dermatite Atópica

Definir Dermatite Atópica para estudos epidemiológicos é um desafio. Questionários, apesar de um excelente meio de coletar dados, pode pecar em falta de especificidade e introduzir vieses. Nesse contexto, é um desafio realizar um estudo epidemiológico acurado nessa doença. Uma visão crítica dos dados disponíveis sobre a prevalência de Dermatite Atópica, tempo dos sintomas e fatores de risco é necessária. (1)

Há grande variação da prevalência de Dermatite Atópica no mundo, variando de 0,6 a 20,5%. Em um grande estudo que avaliou 463.801 crianças de 56 países diferentes utilizando relatórios próprios do sintoma de Dermatite Atópica, se sugeriu que a as diferenças globais na prevalência da Dermatite Atópica obedecem a um padrão de aumento de prevalência com maiores latitudes. (2)

A prevalência de Dermatite Atópica na região nordeste dos EUA é 17,2%, similar a dados vistos no norte da Europa e no Japão. (3)

Estudos publicados depois de 1993 tem mostrado que a prevalência de Dermatite Atópica tem crescido nas últimas três décadas. Em estudo com 4 milhões de crianças de escolaridade primária em Osaka Prefectura confirmou um aumento da prevalência de 15 para 24% entre 1985 e 1997. Isso também foi visto em estudos prévios a 1993. Correlações positivas entre Dermatite Atópica com classe social mais alta e poluição do ar foram confirmadas. (4)

A prevalência em adultos é significativa. Um estudo cross-sectional de 10.726 adultos maiores de 30 anos no Japão revelou prevalência pontual, 1 ano, e para toda a vida em 2,9%, 3% e 3.3% respectivamente. (5)

Fatores de risco:

Pontos chave:
* A prevalência de Dermatite Atópica é maior em países desenvolvidos e áreas urbanas, apesar das razões disso serem incertas.
* Dermatite Atópica é mais prevalente em latitudes maiores.
* Estudos migracionais revelaram que a prevalência de Dermatite Atópica aumenta nas populações que migram de uma área de baixa para uma de alta prevalência. Esse dado confirma a regra de que fatores ambientais têm influência na expressão de Dermatite Atópica.
* A taxa de Dermatite Atópica aumenta conforme aumenta a classe social, em contraste com inúmeras outras doenças crônicas.
* Apesar de inúmeras pesquisas em níveis de IgE séricos e outros marcadores imunológicos, a história familiar de doença atópica persiste como o mais forte fator preditor para o desenvolvimento de Dermatite Atópica.
* Os dados acumulados não mostram diferenças raciais na prevalência de Dermatite Atópica.
* A maioria dos estudos confirmar uma leve preponderância feminina de Dermatite Atópica.
* Morar na zona rural e família grande são fatores protetores contra o desenvolvimento de Dermatite Atópica. Exposição precoce à micróbios durante a infância tem sido proposto como o mecanismo subjacente dessas observações(“hipótese da higiene”)
* Idade de início precoce, alergia respiratória e viver em ambiente urbano são fatores preditores de doença mais severa (6)
Em um estudo de coorte de 13.070 crianças na Dinamarca, os autores exploraram e dissecaram os possíveis mecanismos atrás da hipótese da higiene. Nesse estudo, não se demonstrou efeito protetor de infecções clínicas detectadas precocemente na Dermatite Atópica. Fatores associados com exposição a micróbios como morar em fazendo, ter animais e cuidado durante o dia demonstraram efeito protetor modesto. Esse artigo sugere que exposições subclínicas a micróbios são fatores protetores contra Dermatite Atópica mais do que qualquer infecção. (7)

Interesses consideráveis tem sido focados no cluster do gene da citocina TH2 na região 5q31-33, que mostra associação com aumento da produção de IgE. Em um estudo, foi sugerida relação entre TIM-1 na 5q33.2 com, em indivíduos suscetíveis, ligação com o vírus da Hepatite A, diminuindo a atividade de TH2 e protegendo contra asma e atopia. Esse achado fornece suporte molecular para as especulações da hipótese da higiene nas quais fatores microbianos são necessário para restaurar o balanço TH1/TH2 em proteção contra a atopia. (8)

Qualidade de vida:
* Ter uma criança com Dermatite Atópica moderada a severa afeta mais uma família do que ter uma criança com Diabetes Melitus do tipo 1. (9)
* A qualidade de vida é reduzida em crianças de 5 a 10 anos de vida e é relacionada com a severidade da doença. (10)

Imunomoduladores tópicos, esteróides tópicos, fototerapia e ciclosporina tem mostrado efeito no aumento da qualidade de vida dos pacientes com Dermatite Atópica. Entretanto, não há estudos consistentes que comparando os diferentes regimes de tratamento. Os autores desse estudo concluíram que há somente uma resposta para a questão ‘Qual o tratamento que melhora mais a qualidade de vida nos pacientes com Dermatite Atópica?’- nós não sabemos. Estudos consistentes são necessários. (11)

1 Schultz Larsen F, Hanifin J Epidemiology of atopic dermatitis. Immunol Allergy Clin North Am 2002; 22:1-24
2 Williams HC, Robertson C, Stewart A, Ait-Khaled N, Anabwani G, et al. Worldwide variation in the prevalence of symptoms of atopic eczema. J Allergy Clin Immunol 1999; 103:125-38
3 Laughter D, Istvan J, Tofte S, Hanifin J. The prevalence of atopic dermatitis in Oregon schoolchildren. J Am Acad Dermatol 2000; 43:649-55
4 Yura A, Shimizu T. Trends in the prevalence of atopic dermatitis in school children: longitudinal study in Osaka Prefecture, Japan, from 1985 a 1997. Br J Dermatol 2001; 145:966-73
5 Muto T, Hsieh SD, Sakurai Y, Yoshinaga H, Suto H, Okumura K et al. Prevalence of atopic dermatitis in Japanese adults. Br Dermatol 2003; 148:117-21
6 Ben-Gashir MA, Seed PT, Hay RJ. Predictors of atopic dermatitis severity over time. J Am Acad Dermatol 2004;50:349-56
7 Benn CS, Melbye M, Wohlfahrt J, Bjorksten B, Aaby P. Cohort study of sibling effect, infectious diseases, and risk of atopic dermatitis during first 18 months of life. BMJ 2004;328:217-23
8 McIntire JJ, Umetsu SE, Macaubas C, Hoyte EG, Cinnioglu C, Cavalli-Sforza LL, et al. Hepatitis A virus link to atopic disease. Nature 2003;425:576.
9 Su JC, Kemp AS, Varigos GA, Nolan TM. Atopic eczema: its impact on the family and financial cost. Arch Dis Child 1997; 76:159-62
10 en-Gashir MA, Seed PT, Hay RJ. Quality of life and disease severity are correlated in children with atopic dermatitis. Br J Dermatol 2004; 150:284-90
11 Schiffner-Rohe J, Landthaler M, Stol W. Treatment of atopic dermatitis and impact on quality of life. A review with emphasis on topical non-corticosteroids. Pharmacoeconomics 2003;21:159-79

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